Nesta terça-feira (27/05), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, após discussão com senadores no Senado Federal, retirou-se da audiência pública que visava debater a criação de unidades de conservação na região Norte do Brasil, por se sentir ofendida. Ela participava da sessão na condição de ministra convidada.

A discussão começou quando o senador Omar Aziz (PSD) acusou a ministra de trazer dados falsos sobre preservação ambiental. “São dados que minha equipe técnica traz. Nós estamos dizendo que precisa de uma avaliação ambiental estratégica para ter uma visão abrangente”, retrucou Marina. “Você não é mais ética do que ninguém. A senhora está atrapalhando o desenvolvimento do país”, continuou o senador.

A ministra tentava prosseguir sua fala, quando foi interrompida diversas vezes pelos senadores. Em seguida, Marcos Rogério (PL), que estava ao seu lado, ironizou as falas da ministra e pediu: “Se ponha no teu lugar”. Marina então rebateu: “Você queria que eu fosse uma mulher submissa e eu não sou”. O senador Plínio Valério (PSDB), completou o motim contra ela: “Mulher merece respeito, a ministra não”.

O microfone de Marina também foi cortado por Marcos Rogério nos minutos finais da reunião. Após o tumulto, ele tentou amenizar a situação e pediu para que se mantivesse um momento de “respeito”. A ministra queria um pedido de desculpas de Plínio Valério, se não, iria se retirar da audiência. Como o senador não pediu, ela recolheu seus papeis da mesa em que estava e se retirou do local. A sessão foi suspensa alguns minutos depois.

A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, classificou a recepção dos parlamentares à ministra como “completo absurdo”. Ainda afirmou que a ministra foi “desrespeitada e agredida” em um episódio “muito grave, lamentável, além de misógino”. A ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR), da Secretaria de Relações Institucionais, também saiu em defesa da colega de Esplanada em uma rede social. “Totalmente ofensivos e desrespeitosos com a ministra, a mulher e a cidadã.”, disse.

Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos, também defendeu Marina. “Marina, simplesmente uma das mais importantes defensoras do meio ambiente, é reconhecida mundialmente. Que sua voz ecoe sempre e em todos os cantos”, afirmou. O ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, prestou solidariedade à colega, que “abre caminhos” na política nacional.